Blossom, café edição limitada
24/05/12 20:01O café Blossom é a novidade do Ateliê do Café. A empresa (que vende cafés pela internet ou por telefone) lançou recentemente uma edição de apenas 35 quilos do grão. Assim como os outros cafés, o Blossom é produzido pela Fazenda Daterra, do Grupo DPaschoal e localizada em Patrocínio (MG), que possui plantações nas regiões do Cerrado mineiro e na Mogiana, em São Paulo.
Esta edição limitada da Daterra – que, como todas as fazendas de cafés especiais, exporta a maior parte de sua produção – é feita com grãos Bourbon Vermelho. Para começar a entrar no mundo dos cafés, a comparação com vinhos pode ser um recurso bastante didático. Se os vinhos são feitos com a Vitis vinifera, os bons cafés vêm sempre da espécie Coffea arabica. A outra única espécie deste gênero que tem interesse comercial é a C. canephora – da qual se fazem os cafés industriais vendidos no mercado brasileiro. Pois os grãos que seguem majoritariamente para o exterior para compor blends em todo mundo são da variedade arábica – a canephora, genericamente conhecida como robusta é, salvo raríssimas exceções, o equivalente ao vinho de garrafão.
Pois dentro da espécie arábica, há duas variedades da qual se originam muitas outras, por cruzamentos (naturais ou artificiais) ou mutações. Uma delas é a supracitada Bourbon, que se divide em amarelo e vermelho. Também como no mundo dos vinhos, pode-se perceber, nos cafés de qualidade ou especiais, uma gama enorme de aromas, como o de flores, frutas, nozes, chocolate… O café Blossom é um café com toques florais, de corpo médio e com uma ótima acidez – ao contrário do que muita gente pensa, o amargor (presente intrinsecamente nos cafés robusta) não é uma qualidade, mas um defeito. Os bons cafés devem ter doçura (natural, e não do açúcar acrescentado na xícara), corpo e acidez.
Além da variedade, a região é fundamental para imprimir características a um grão. É o que tenta fazer, em nível mais específico, a empresa Ateliê do Café. Fundada há 6 anos, ela trabalha grãos “single state”, ou seja, de uma única origem, com o intuito de expressar um terroir – algo semelhante aos vinhos varietais de vinhedos específicos. Além disso, ela fornece cafés sob demanda – os grãos são torrados quando pedidos (todas as terças e quintas-feiras). Isso faz com que o cliente receba um café sempre fresco.
Por fim, além da variedade e da origem, o perfil sensorial de um café também depende do método pelo qual ele é processado. Se o mesmo vinho tem características distintas quando estagia ou não em barricas de carvalho, um café é diferente do outro se ele foi, por exemplo, seco com a casca ou sem ela. O Blossom é um café seco sem a casca, conhecido no jargão cafeeiro como café descascado (ou CD). Na boca, um café descascado é mais suave e delicado. Sua torra também é media – e a torrefação é, assim como as outras, uma variável fundamental na qualidade de um grão. Mas isso fica para uma próxima oportunidade.
Para encerrar, a delicadeza deste café merece ser apreciada pelo método mais simples de todos – o coado! E como hoje é o o Dia Nacional do Café, uso a saudação dos baristas: bons cafés!
Café surpreendente! Doce e com características florais incomuns em cafés do cerrado mineiro! Extraordinário!!
Bom dia Cristiana Couto. Parabéns pelo texto que dá inclusive para “viajar” nos aromas e vapores do bom café. Sou um tomador contumaz de café e nem me imagino sonhar a ser um “somelier” da bebida, mas em três diferentes etapas de minha vida pude apreciar este saboroso líquido; nos bons tempos que existia um posto do IBC em Santos onde era possível conprar o café torrado ao ponto correto e moído, também tomei um café cujo pó havia sido trazido dos EUA com informações de origem (Brazil) e o café comprado em grãos e moído na hora enquanto morei no Japão. No nosso dia-a-dia infelizmente tenho de consumir os comerciais, visto que não é fácil encontrar no mercado (BH), cafés de boa qualidade e os apetrechos para preparar lembrando que o uso de filtros de papel tornam a bebida quase que intragável. Acho que seria interessante haver nas principais cidades umas “Coffee Shops” que fossem uma confraria para os apreciadores desta revigorante bebida onde se pudessem comprar ou experimentar sabores exóticos como o Jacú Coffee.
Tetsuo, concordo com você – embora eu não seja fã do jacu coffee… Obrigada pelo teu comentário!
um abraço
julio, que bom que você gosta!
abs,